O BATISMO UMA HERANÇA A SER PRESERVADA
Prefiro sempre dizer batismo do que rebatismo, afinal de contas somos batistas e não anabatistas. Aliás, creio que a nossa origem histórica não está nos anabatistas .Aprendi desde cedo, como batista que as pessoas que vêm de outras denominações evangélicas devem ser batizadas. Procurei estudar e entender as razões. Hoje pratico o batismo daqueles que vêm de outras denominações, por convicção e não por tradicionalismo, ou conveniência denominacional, etc. Vejamos pois , em que se baseia a minha convicção de fé e prática:
Creio que a Bíblia é a nossa única Regra de Fé.Importa dizer, porém, que, nem todas as nossas práticas estão normatizadas na Bíblia, mas encontramos de forma explícita princípios, que são eternos, permanecem até hoje.
Outro aspecto:Precisamos entender textos bíblicos à luz do seu contexto linguístico e histórico, visto que a nossa tarefa como intérpretes da Bíblia é descobrir o significado do texto. Esta é uma tarefa difícil, considerando a distância que existe entre nós e o autor e seus primeiros leitores.
O batismo é um testemunho público de nossa fé. O requisito é crer em Jesus.Certo. Se pensarmos neste aspecto, com certeza precisamos entender o que significa crer em Jesus. Seria apenas ter a fé salvadora, simplesmente, como transferir para Jesus a nossa confiança de vida eterna? Creio que sim e mais. Crer, significa, depositar a nossa fé na vida, obra e ensinos de Jesus. Não podemos, em tempo algum separar Jesus de suas palavras. Não podemos separar a fé do seu conteúdo.É pelo conteúdo, pelo ensino, pela doutrina, que se avalia a fé. Quando eu digo, que creio em Jesus, estou nesta profissão de fé, crendo que Jesus é Filho de Deus, é o Senhor, nasceu e morreu para que com seu sangue nos remisse de nossos pecados, ressuscitou dos mortos, que nos dá a salvação eterna e segura( não a perdemos), Ele é o Deus-homem( sua natureza), etc. Acontece que quando Filipe batizou o eunuco e outros casos em época primitiva, ainda não havia o desenvolvimento teológico e doutrinário da Igreja. A doutrina da Igreja era simplesmente JESUS CRISTO É O SENHOR, JESUS É O FILHO DE DEUS. Mais tarde é que começaram as controvérsias doutrinárias. Portanto, não havia razão de ser .de perguntar: Você crer que está salvo para sempre ?Não havia esta preocupação e dúvida.
Creio, portanto, que o batismo está ligado a fé( expressão de confiança e conteúdo desta confiança). Esta é a minha primeira convicção. Uma fundamentação bíblica não quer dizer necessariamente citação de textos. Nem toda citação de textos quer dizer que a fundamentação é bíblica. O princípio aqui é a fé( PESSOA, OBRA E ENSINOS DE JESUS) como base para o batismo.
Outro aspecto que gostaria de comentar é o texto em Atos 19:1-6 que menciona os discípulos em Éfeso. Não existe muito trabalho para chegarmos a conclusão que, o problema daquelas pessoas ali era de conhecimento. Era um problema doutrinário. Quando vocês CRERAM, receberam o Espírito Santo?
Eram crentes?É claro que sim.Mas estavam numa situação anacrônica. Perdidos no tempo. Faltava-lhes conhecimento. “Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo”. Eles não sabiam. Receberam a Jesus em alguma época e em algum contexto, que não lhes fora dado instrução, conhecimento. Eram batizados? Sim. Qual o significado do batismo. Fé em Jesus. Sim . O texto diz: “Certamente João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é em Jesus”. A única diferença, é que quando João começou a batizar, Jesus ainda não havia vindo( vindo no sentido de iniciar o seu ministério).Portanto,não era batismo do judaísmo não. É um engano assim afirmar. Era o batismo na promessa e certeza de que Jesus seria o salvador. O judaísmo não cria em Jesus como salvador. O judaísmo possuía a esperança messiânica, apenas. Mas João cria que era JESUS, o Messias. Aliás ele mesmo afirmou dizendo.” Eis aí o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Porque foram batizados? Criam em Jesus, mas o conteúdo da fé era diferente. Creram em Jesus, como aquele que havia de vir. Tinham sido batizados. Mas faltava-lhes conteúdo na fé. Faltava-lhes conhecimento, quanto ao Espírito Santo. Faltava-lhes conhecimento de maneira mais substancial quem era Jesus. O texto diz que foram batizados em nome de Jesus. Ser batizado em nome de Jesus não significa simplesmente batizar por ele, Jesus, mas em seu nome, significa que o batismo precisa estar ligado a ele mesmo Jesus( PESSOA, OBRA E ENSINO).
Agora quero por, uma questão de coerência comentar um pouco a nossa declaração doutrinária, visto que tenho ouvido dizer que hoje aproximadamente 60 % dos batistas não praticam o batismo de pessoas vindas de outros grupos. Creio que esta informação carece de trabalho mais científico, para ser mencionado como pesquisa.Nem nunca ouvi dizer que uma enquete tenha sido feita. Pois bem. A declaração doutrinária diz que o batismo é a porta de entrada para a Igreja. Diz: "o batismo é condição para ser membro de uma Igreja" .De que Igreja? É claro da Igreja batista. Por que? Na mesma declaração doutrinária diz com clareza o que é uma Igreja neotestamentária: são autônomas, tem governo democrático, regem as questões espirituais e doutrinárias pela Palavra de Deus( não por revelações, sínodos, etc) Há nas Igrejas apenas duas espécies de oficiais: pastor e diáconos. Praticam as ordenanças como memorial( fora a substanciação e consubstanciação, presença mística). Está bem claro o que nós entendemos e aceitamos como sendo uma Igreja batista e neotestamentária e se a condição para se tornar membro é o batismo, quando assim não é praticado, estamos quebrando a declaração doutrinária ou não? Por que neste aspecto não tratamos como quebra da declaração doutrinária. Me parece que isto merece muita reflexão.
Portanto, assim entendo que deva ser a prática do batismo neste contexto. E o faço por convicção.
Pr. Hudson Galdino da Silva
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