quarta-feira, maio 30, 2012

LEITURA TEOLÓGICA DAS CATÁSTROFES AMBIENTAIS



Vivemos tempos de terror e temor diante de tantos acontecimentos nesse início de século. As notícias hoje são rápidas, instantâneas e assim temos sido de alguma forma testemunhas quase que oculares dessas catástrofes. O que nos faz crer que elas aumentam em quantidade e intensidade. É cada dia mais intenso e numeroso. Por mais avançada que seja a tecnologia e a ciência, o homem não tem podido conter a “fúria” da natureza. Alguém disse que a natureza não reclama do homem, mas reage ao que o homem faz. Em alguns casos pode-se até reduzir as conseqüências, mas elas em si, crescem. São furacões, terremotos, enchentes, secas, maremotos, instabilidade da temperatura, etc.

Haveria alguma explicação bíblica, teológica para tais fatos? Esses acontecimentos é obra do acaso ou tem haver com a manifestação divina? É claro que diante de um assunto como este não há consenso. Existem controvérsias, principalmente se tratando de certos mistérios da natureza. Vejamos, pois alguma reflexão numa leitura teológica sobre o assunto na opinião desse articulista.

A leitura teológica das catástrofes passa em primeiro lugar pelo entendimento da soberania de Deus. Existem os inversos pietistas e maldosos em suas insinuações que mesmo não considerando a existência de Deus, nessa hora querem atribuir-lhe culpa sobre conseqüências das catástrofes. Diz as Escrituras: “Quem és tu, que a Deus replicas”? Porventura pode a criatura questionar o Criador? A soberania de Deus é algo inerente a natureza de Deus e que por mais que nos esforcemos ficamos aquém de compreender a mente do Senhor?

A leitura teológica das catástrofes passa pelo entendimento da responsabilidade humana dada pelo Criador. O homem foi criado para cuidar de seu habitat. Na linguagem doutrinária é o que se chama de mordomos. Somos os ecônomos de Deus. Devemos exercer nossa responsabilidade de cuidar do planeta. As catástrofes acontecem porque o homem tem sido um animal irracional diante da proposta divina. Tem havido irracionalidade quando poluímos o ar e as águas. Quando não nos importamos com a contaminação do solo com uso desenfreado e animalesco de pesticidas. Essa irresponsabilidade que tem sido grande se evidencia no extermínio de animais e provocação de erosões através de desmatamento louco e ambicioso. Todos nós somos co-responsáveis quando menosprezamos o mínimo que deveríamos fazer. Temos combatido esse tipo de pecado de agressão a natureza, obra magnífica do Criador, que ao fazer o mundo via que tudo era muito bom e bonito? A idéia macro teológica da santificação não deveria estar incluído a pureza dos rios e dos mares, das plantas e do solo? Parece-me que essa idéia de santificação é muito mais abrangente no propósito do Criador que instituiu na lei mosaica atitude de prevenção. Como tomador de conta do seu ecossistema o homem tem falhado, cometemos pecado ecológico.

Outro aspecto a ser considerado numa leitura teológica diante da natureza que geme e a importância de busca de conhecimento sobre o Criador e sobre a criação. Esse conhecimento que existe não pode estar desvinculado do Criador. Deus estabeleceu leis da biologia, da meteorologia. A ciência as descobre, mas já existem, portanto, estudá-las deveria ser numa atitude de temor e tremor diante da Majestade. Mas o que acontece? Quando o homem descobre uma lei da natureza busca honra e glória para si. A lei não é inventada pelo o homem, ele apenas a encontra. Essas leis precisam ser estudadas e o homem deveria respeitá-las mais, considerando as estações, os tempos, os ventos, as chuvas, etc. É, portanto, o princípio da racionalidade.

Por fim, compartilho dizendo que uma leitura teológica das catástrofes na natureza precisa ser vista e analisada à luz do conceito de espiritualidade. Não um conceito dicotômico ou tricotômico sobre o homem, um conceito holístico. Não o conceito que admite uma espiritualidade que separa por completo as substâncias da composição humana, sejam elas corpo e alma, ou corpo, alma e espírito. Não se pode pensar num conceito filosófico da espiritualidade divorciado do respaldo bíblico, amparo inerrante de uma teologia sadia, imparcial e mestra. A espiritualidade, segundo a Bíblia, vai mais longe. Além de qualificar melhor a alma e espírito, revela o valor do corpo porque é nele que a vida se expressa e é ele que experimenta de forma cabal, miraculoso e triunfante a salvação ulterior. Portanto, essa espiritualidade se relaciona com o mundo físico, interage com a criação, e não a menospreza e nem faz dela um consumo irresponsável e trágico. Espiritualidade e natureza têm tudo a ver, não fazendo deste seu objeto de adoração e supremacia, mas se tornando parceiros para que homem e natureza adorem o Criador.



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